sexta-feira, 29 de abril de 2011

Contos Delírios - 04

O géiser que pegou ela de surpresa foi mais forte do que ela podia imaginar.

Sempre eloquente, era chamada de linda por todos.

Agora ela quer rodar o mundo com o próximo jato de água quente que a pegar de surpresa. Vai pegar na pressão, até ganhar a atmosfera, ultrapassá-la, pegar a rota dos satélites e então rodear o globo.





segunda-feira, 25 de abril de 2011

Contos Delírios - 03

Ela não sabia que um dia se sentiria vedada no céu. Ela queria mais uma ascensão, além do céu que já estava.

Sempre a compôr um contraponto, ela esperava que assim, através da expansão sonora, ela ascendesse ainda mais, mais pro alto, mais lá em cima, queria mais e mais ascensão. Para um novo céu, um novo planeta, um novo lugar.

Um belo dia, depois de compôr "A Lightning Covered my Rainbow" ela a apresentou aos anjos de Deus. Eles a disseram: _ É realmente esplêndido, mas ainda não é hora de ascender mais e mais. Estamos estudando o seu caso, porque ascender mais e mais não é pra qualquer um. Fique em paz... Você admira e põe em prática o mistério da transmutação. Persevere. Estaremos sempre com você.





quarta-feira, 20 de abril de 2011

Contos Delírios - 02

A puta era nova e não sabia que manter prostíbulos vivos era crime. Melhor era ela na Bahia dando só pra um ou dois namorados.

Chegou um dia em que ela teve que resumir a sua vida e escolher entre duas opções: puteiros não dava mais porque a polícia tinha fechado todos e além do mais ela já estava ficando cansada com a idade, devia assim dar faxina no Rio, ou faxina em São Paulo, cidades em que tinha uma prima em cada uma.

Acabou que sua vida virou um certame de viajar pro Rio e pra São Paulo, ida e volta, volta e ida, pois nem como faxineira ela estava conseguindo remuneração para sobrevivência. Ela achava preços melhores e lugares menores aqui e acolá, e viajava por ter ganhado passagens para Rio e Sampa de graça por um ano num sorteio vadio que sua prima do Rio tiha ganhado por ser aeromoça.





terça-feira, 19 de abril de 2011

Contos Delírios - 01

A demografia da cidade crescia muito rapidamente e a perspectiva de que tudo sempre daria certo independentemente de tal fenômeno existia não se sabe como por toda a população.

Eles precisavam de mais bananas. Bananas, mais nada. Os tamanduás andavam por ali fazendo tatuagens nos cidadãos que mais pareciam macacos, de tanto que gostavam de banana.

Chegou o dia em que a demografia cresceu demais e a população por fim perdeu a confiança e perspectiva que ainda tinham. As bananas se revoltaram por não mais terem quem as comessem e começaram a ajudar os cidadãos a matarem-se uns aos outros.





quinta-feira, 14 de abril de 2011

saco, O

o sol terá uma face
a lua, um beijo
desespero chegou de desespero
chega de desespero chega
as linhas serão alinhadas
aveludadas as cordas do baixo
não haverá mácula
simples o saco enjaula
porra, escroto, lubricidade
sim

terça-feira, 12 de abril de 2011

Escute bem

Cibelle comanda bem, mui bem:

http://www.youtube.com/watch?v=IIOQ-avUR-8&feature=player_embedded

uma canção que me anima, pra vida.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

vindima

carne
sangue
escroto

sangue
boi
espeto

vinho

sara
guarda
nata
cura

verde
centro
bela
escura

vinha